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Neve & o homem que comprou a montanha

O inverno de 81 em Bariloche atraiu turistas globais, mas um sheik monopolizou um lado da montanha, gerando confusão nas pistas.

O Caos Colorido de Bariloche no Inverno de 1981

O inverno de '81 foi excepcionalmente frio nos Andes. Desde a Páscoa já caíam nevascas, e as gentes de montanha comentavam, nas rodinhas de mate, sobre o comportamento das formigas, das árvores, abelhas, e de todo o tipo de sinais que avisavam: ôjo, ano de muita neve.

Já em Junho, as pistas das estações de ski da Argentina e Chile - que me lembre elas eram Bariloche, Portillo, Farellones, e Antillanca - estavam branquinhas, com neve acumulada na base, prometendo uma temporada supimpa. A galera da neve se agitou, correu o boca a boca, e a notícia acabou chegando na imprensa mundial.

É claro que isso atraiu a atenção de skiers americanos e europeus. Assim, já no início de Julho, Bariloche estava explodindo de gente de todo o planeta.

Todos hotéis e pousadas da região estavam lotados, os restaurantes tinham aglomerações na porta, e os skilifts do Cerro Catedral enfrentavam enormes filas.

Aí, num belo dia, sexta-feira, pousou no pequeno aeroporto da cidade um Boeing enorme, de um sheik com toda a sua entourage. Chiquetésimo, sem dúvida, era a coisa mais impressionante da região. Foi o assunto do momento no povoado. Naquela época, eram menos de 20.000 pessoas, todos se conheciam.

Nos churrascos das noites, todos comentavam sobre o avião com torneiras de ouro; sobre as roupas exóticas, os seguranças com metralhadoras. Comerciantes imaginavam formas de oferecer seus produtos; todos reclamavam dos preços do petróleo.

E assim a pequena Bariloche lidava, num caos colorido e alegre, com seus milhares de turistas - e seu visitante inusitado.

O Cerro Catedral, naquela época, era operado por duas empresas concorrentes: a área de ski era dividida entre o lado esquerdo (Lado Robles); e o direito (Lado Bueno), com a necessidade do uso de passes de ski distintos para os esquiadores poderem usar todas as pistas da montanha.

Naquele momento, com a vinda de esquiadores de todo o mundo, ambos lados estavam completamente lotados. As filas da Base passavam de 1 hora de espera em qualquer dos lados; e nas intermediárias, qualquer uma, sempre chegavam aos 30 minutos.

Mas a neve estava fantástica, os dias eram azuis e ensolarados, e a galera levava na esportiva. Mais ou menos. Digamos que à beira de um levante popular.

Pois, neste contexto, o tal do sheik comprou um dos lados da montanha, inteirinho, para o seu fim de semana. Exatamente quando, aos skiers de todo o mundo, se somaria boa parte da população local - doida para aproveitar a montanha com suas famílias, em seu amado Cerro Catedral, no sábado e no domingo de sol e neve powder.

Imaginem a cena surreal: um lado da montanha completamente vazio, os skilifts rodando sem ninguém; e o outro, com filas gigantescas e gente irada, por supuesto.

Eu vi diversas vezes nestes dois dias, aliás até chegamos a esquiar bem pertinho. Fiquei com uma profunda sensação de que ele adoraria passar para o lado de cá, tadinho.

Aloha do Beto Valle

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